A quarentena prolongada chamou a atenção para as embalagens bag-in-box. Práticas e acessíveis, elas são uma maneira de facilitar o consumo de vinho, principalmente do dia-a-dia, com a bebida sempre disponível e na temperatura de consumo na geladeira. São também uma embalagem utilizada para brancos e tintos em taça, nos restaurantes.

Em março, quando começaram as restrições pelo Covid-19, o mercado dos vinhos bag-in-box, incluindo importação e a comercialização das vinícolas nacionais, foi de 36,2 mil litros. Em abril, pulou para 151,2 mil litros, indicando uma maior aceitação do produto. Mas caiu para 84,7 mil litros em maio. Nesta balança, voltou a registrar altas nos dois meses seguintes, fechando em 232,7 mil litros em julho.

No ano passado, a categoria bag-in-box, formada pela comercialização dos vinhos finos brasileiros e pela importação, somou 1,5 milhão de litro. Este montante significa 1,1% do total de vinhos finos comercializados no Brasil.

Nos primeiros sete meses de 2020, a categoria teve um crescimento de 1% em relação a igual período do ano passado, de 737,5 mil litros em 2019 para 743,3 mil litros em 2020. Neste período, a importação de vinhos em bag-in-box caiu 10%, de 417,2 mil litros em 2019 para 377 mil litros em 2020. Nos nacionais, a alta foi de 14%, de 320,3 mil litros no período de janeiro a julho de 2019 para 366,3 mil litros em igual período de 2020.
Categoria mais consolidada em outros mercados, como Chile e Reino Unido, no Brasil o bag-in-box é muito ligado ao preço. O baixo valor que o consumidor brasileiro aceita pagar por vinhos nestas embalagens faz, muitas vezes, importantes players de mercado internacional desistirem de trazer o vinho em caixinha para cá. São marcas relevantes no mercado mundial, que estudam o mercado de bag-in-box brasileiro e acabam não exportando estes vinhos para cá. Ou, em alguns casos, trazem as suas linhas mais simples para concorrer neste mercado de baixo valor.

Em 2019, os bag-in-box importados representaram 59% do total desta categoria, enquanto os nacionais ficaram com 41%. Com a pandemia, a participação de importados e nacionais vem variando mês a mês.

Em março, os importados tinham 89% do mercado, contra 11% dos nacionais; maio, esta porcentagem quase se inverteu, com os nacionais com 80% do mercado e os importados, com 20%. Em julho, último mês disponível, os importados voltaram a liderar, com 60% do total e os brasileiros ficaram com 40%.

No acumulado de janeiro a julho, os bag-in-box brasileiros somaram 366,4 mil litros, o que equivale a 49% do mercado. Dos rótulos importados, Portugal lidera, com 311,1 mil litros neste período, o que representa 42% do mercado. Portugal, ainda, foi o único país que registrou aumento de importação, com 6% mais produtos neste período do que os trazidos entre janeiro e julho do ano passado. O Chile está em segundo lugar no ranking dos importados, mas com uma queda significativa. Foram 34,8 mil litros neste período, o equivalente a 5% de participação de mercado, e com redução de 56%. O ranking continua com a Argentina (com 2% do mercado), Itália (1%) e Uruguai (1%), com quedas de, respectivamente, 26%, 48% e 59% nos primeiros sete meses do ano comparados com igual período de 2019.

O bag-in-box é importado em embalagens de 3 e de 5 litros, que têm participações quase equivalentes. Nestes primeiros sete meses de 2020, o bag-in-box de 3 litros tinha 46,7% do mercado, enquanto o de 5 litros ficou com 53,3%. A embalagem de 3 litros representou 139.206 litros, com queda de 7,6% em relação a 2019. Nos de 5 litros, o volume foi de 237.775 litros, com uma retração de 10,8%.
Em valores, a embalagem de 3 litros representou US$ 228.979,6 FOB, com queda de 15,1% em relação a igual período do ano passado. Nas embalagens de 5 litros, o montante somou US$ 261.403 litros FOB, com pequena alta de 0,6%.

A principal marca de 3 litros importada pelo Brasil é a Espiritu de Chile, que com 21,6 mil litros, representa 18,5% do total. Em dólar, são US$ 42,3 mil FOB, com queda de 46,6% em relação a igual período do ano passado. No ano passado, a Espiritu de Chile também era líder, mas com 29,4% do mercado.
Em segundo lugar no ranking de janeiro a julho de 2020, está a Chaparro, que começou a ser importada este ano, e tem 17,1% de participação. Foram trazidos 25.920 litros, o equivalente a US$ 39.046. Em terceiro, está a Pinta Negra, com 11,1% do mercado e uma alta de 124,7% em volume e de 117,8% em valor na comparação com igual período de 2019. Com 10,6% do mercado está a Aldeias das Serras e, com 9,5% a Santa Ana Bag.
Neste ranking, um destaque é a Viña Geisse, que tem com o enólogo Mario Geisse a sua maior referência. A marca está entrando no mercado brasileiro e já ocupa a sexta posição. Tem 7,1% de participação, com 5,8 mil litros e US$ 16,2 mil FOB. Entre as dez marcas mais importadas é também a de maior valor na relação dólar por litro: US$ 2,8.

Nas embalagens de 5 litros, Olaria e Pinta Negra detém quase 50% do mercado. A primeira, com 24,2%, o equivalente a 51,8 mil litros ou US$ 63,3 mil FOB, representa uma alta de 33,3% em volume e de US$ 31,5% em valor. A segunda, com 23,9% deste mercado, representa 48,6 mil litros ou US$ 62,4 mil FOB, com retração, respectivamente de 0,1% (em volume) e 1,6% (valor). O valor de cada litro é de US$ 1,2 (a Olaria) e de US$ 1,3 (Pinta Negra).

As empresas importadoras de vinho lideram a compra dos bag-in-box, com 66% do mercado. Os supermercados estão em segundo lugar, com 32%, e as empresas de e-commerce, com 2%. De janeiro a julho, as importadoras aumentaram o seu volume em 12,8% e o valor em 31,6%. Em média, trazem bag-in-box de valor de US$ 1,2 o litro. Os supermercados se retraíram, com queda de 43,1% em valor e 44,5% em volume, com vinhos com preço por litro de US$ 1,5. E as empresas de e-commerce entraram neste segmento agora.