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As tendências globais sob o olhar de Rafael Ferrari, head sommelier da Castas Importadora

O expert fala sobre as movimentações do mercado e como a marca, confirmada na ProWine São Paulo 2025, pretende atrair novos públicos

Com um olhar apurado sobre o mercado global de vinhos, Rafael Ferrari, head sommelier da Castas Importadora – expositora confirmada na ProWine São Paulo 2025, viajou recentemente para acompanhar alguns dos principais eventos do mundo do vinho fora do Brasil. Em meio a novas tendências, rótulos promissores e estratégias para atrair um público mais jovem, ele compartilha o que vem observando no setor e o que podemos esperar de novidades no portfólio da Castas.

Você esteve participando das principais feiras internacionais nas últimas semanas. O que podemos esperar de novas tendências para este ano?

Rafael Ferrari – Eu diria que o protagonismo ainda é todo do vinho branco sem uma origem específica. Todos os caminhos nos levam a um consumo mais qualitativo do vinho no geral. As pessoas querem beber cada vez melhor, mas em menores quantidades. Puxando a alta desse consumo de vinho branco tem a uva Pinot Grigio, que foi muito bem aceita pelo consumidor por aqui. Hoje eu busco alternativas dentro dessas características, vinhos que tragam leveza e frescor, principalmente. A ProWein serviu muito para trazer e qualificar o portfólio da Castas em vinhos brancos de Velho e Novo mundo, principalmente para os Rieslings alemães que são incríveis.

Os vinhos mais leves, sem maquiagem, mais puristas, são uma tendência, modismo, ou uma nova realidade?

Rafael Ferrari – Eu acho que todo modismo é consequência de algum tipo de movimento espontâneo. E esse movimento mais purista era uma questão de tempo até sair das mesas dos sommeliers e do pessoal mais técnico para chegar até a mesa das casas e restaurantes. Os grandes profissionais já aderiram a ele. Hoje nos restaurantes de alta gastronomia você tem um movimento muito claro em direção a uma simplicidade.

Valoriza-se uma menor intervenção em seja lá o que for ser consumido, o foco é 100% na matéria prima. Acho que ainda é uma tendência, porque 99% dos vinhos que circulam no globo não estão em mesas de restaurantes caríssimos.

Ainda tem lugar no mercado para os vinhos super alcoólicos, com explosão de frutas e passagem extensas em barricas novas?

Rafael Ferrari – Ainda tem muito espaço para eles sim! O iniciante no mundo do vinho, assim como uma criança com o paladar em formação, se excita com estímulos sensoriais mais intensos. Logo, um Malbec argentino super clássico, vai levar para a boca dessa pessoa algo como o que uma pizza super gordurosa de pepperoni também faria. Quase uma surra de percepções e experiências olfativas e gustativas que vem tanto do excesso de fruta preta e acidez do Malbec quanto na explosão de sabores que essa pizza vai te trazer.

A valorização de variedades menos conhecidas pelo consumidor é uma realidade com a mudança climática? Ou não tem nada a ver como fator clima?

Rafael Ferrari – Acho que ambos estão ligados sim de certa forma, mas vejo movimentos distintos aqui. Pessoas mais experimentadas no vinho tendem a construir seus elos com suas uvas preferidas da mesma forma que tendem a querer experienciar coisas novas. As mudanças climáticas estão chacoalhando as bases da viticultura e cada vez mais o produtor precisa se reinventar para fugir dos desequilíbrios causados por elas, tanto no excesso de calor que vai te dar vinhos mais alcoólicos e menos elegantes, quanto nas geadas cada vez mais frequentes que te farão buscar alternativas para não perder sua produção.

Você comunica nas suas mídias sociais de uma maneira bem descontraída sobre vinhos. Qual é a estratégia que vocês adotam na Castas para atrair jovens consumidores para o mundo do vinho? Essa comunicação leve seria uma delas?

Rafael Ferrari – Acreditamos que o vinho precisava de um suspiro de jovialidade. A Castas nasce exatamente dessa nossa inquietação. O vinho precisava de uma nova roupagem, uma que pudesse ser vestida em qualquer lugar e a qualquer hora sabe? Acreditamos na categoria vinhos e confiamos na nossa experiência com o canal on trade para levar a cada vez mais pessoas a alma do vinho descomplicado.

Atrair a geração Z que cada vez consome menos álcool é um desafio. Vocês também entendem os vinhos zero e low alcool como uma possibilidade? Vocês têm algo nesse estilo no portfólio?

Rafael Ferrari – Estamos preparando algo sim, mas esse ainda é surpresa! Entendemos que as gerações mais recentes bebem sim cada vez menos álcool e tem uma relação mais saudável com o que consome. Além de serem mais conscientes na escolha desses parceiros por trás dessas marcas. Pensando nisso a Castas busca sempre parceiros alinhados com os nossos objetivos, sejam eles comerciais ou sustentáveis.

Drinks com vinhos seriam um caminho alternativo para esta iniciação?

Rafael Ferrari – Certamente! Nosso trabalho junto aos restaurantes, bares, hotéis etc., tem como alvo também as opções de drinks a base de e vinho.

Vamos conhecer um pouco mais sobre a Castas. Quantos países, rótulos compõem o portfólio?

Rafael Ferrari – Hoje temos 450 diferentes rótulos de vinhos de sete países. Em mais uns 45 dias seremos algo em torno de 510 rótulos de 10 países diferentes. Tem novidades a caminho!

O que virá para a Castas destes novos garimpos das feiras?

Rafael Ferrari – Muitos produtores que já namorávamos à distância, mas não sentíamos que era o momento ainda. Adoramos essa relação mais próxima e duradoura com nossos produtores. E, para isso, precisamos de tempo para nos dedicar a cada um deles. Esperem muitos produtores orgânicos, biodinâmicos, com muita alma e hiper alinhados com a nossa alma jovem!

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