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Entre montanhas e mares: O Vale do Maipo e sua singularidade vinícola

Masterclasses da Perez Cruz, na PWSP 2024, analisarão como a diversidade geográfica da região impulsiona a produção de vinhos excepcionais no Chile

O Vale do Maipo, Chile, é uma região vinícola de destaque, conhecida por sua rica história e diversidade geográfica. Situado entre a Cordilheira dos Andes e o Oceano Pacífico, se beneficia de microclimas únicos que favorecem a produção de vinhos de alta qualidade. Os solos aluviais, formados ao longo de milhares de anos, combinados com um clima mediterrâneo, proporcionam as condições ideais para o cultivo de variedades como Cabernet Sauvignon, Syrah e Pinot Noir. As vinícolas da região, como a Perez Cruz, têm contribuído significativamente para a reputação do País como um dos principais produtores de vinho do mundo.

Na ProWine São Paulo 2024, além de expositora, a Perez Cruz promoverá duas masterclasses exclusivas que têm o Vale do Maipo como referência. A primeira delas será “Maipo Family Vineyards: Un Proyecto Asociativo”, que terá à frente o engenheiro-agrônomo, enólogo e representante comercial da vinícola no Brasil desde 2010, Pablo Aguilera.

“Realizaremos uma análise profunda do desenvolvimento histórico do Vale do Maipo, destacando os atributos únicos do seu terroir que o diferenciam de outros vales chilenos. Em particular, falaremos sobre as cinco vinícolas que fazem parte do grupo ‘Maipo Family Vineyards’. Examinaremos os fatores que contribuem para a produção dos vinhos mais aclamados do Chile nesta região. Além disso, conduziremos uma sessão de degustação que incluirá diversos estilos e varietais cultivados neste vale montanhoso no centro do Chile, produzidos por essas cinco vinícolas: Viña Perez Cruz, Viña Tres Palacios, Viña Casa Bauzá, Viña Chocalán e Viña William Fèvre”, antecipa Aguilera.

O Vale do Maipo é fundamental para a história do vinho no Chile, pois sua trajetória vitivinícola começa com a fundação de Santiago, que se localiza nessa região. A sub-região de Maipo Andes foi o berço das primeiras vinícolas familiares, como Concha y Toro, Cousiño Macul, Santa Carolina e Santa Rita. Para aprimorar a produção, essas empresas trouxeram técnicos franceses e importaram material genético, especialmente de Bordeaux, o que deixou uma marca duradoura ali, que hoje conta com solos e clima ideais para as variedades bordalesas.

De acordo com Aguilera, o Maipo se destaca por suas três sub-regiões, cada uma influenciada pela proximidade com os Andes, o Pacífico e uma condição intermediária moderada pela Cordilheira da Costa. O rio Maipo, que se origina das geleiras do Vulcão Maipo a 5.100 metros de altitude, contribuiu para a formação de solos em terraços aluviais ao longo de centenas de milhares de anos, resultando em solos pedregosos com excelente drenagem. 

“Essa diversidade geográfica e a especialização de algumas vinícolas e projetos vitivinícolas permitiram a diferenciação das sub-regiões, dependendo da proximidade com os Andes, o Pacífico ou a condição intermediária entre a Cordilheira dos Andes e a da Costa. Além disso, houve a expansão no uso de variedades, incorporando cepas espanholas e italianas, além de outras regiões da França, como Syrah, Pinot Noir e Grenache, entre outras”, atesta o representante comercial.

Aguilera revela que para a masterclass na ProWine São Paulo, a ideia é que cada uma das cinco vinícolas citadas apresente um vinho que reflita as características de seu terroir e a especialização de sua equipe enológica no trabalho com variedades bem adaptadas às suas condições naturais. Os rótulos devem mostrar a interação entre o terroir, as variedades e a filosofia das equipes enológicas e das empresas que representam.

Das alturas dos Andes às ondas do Pacífico

A segunda palestra organizada pela Perez Cruz será “Valle del Maipo, de las alturas de los Andes a las olas del Pacífico”, conduzida pelo enólogo chefe e gerente geral da Viña Tres Palacios, Camilo Rahmer. Ele reitera que a diversidade do Maipo, entre os vinhedos próximos à Cordilheira dos Andes e as áreas mais próximas à costa, é muito mais acentuada do que as diferenças entre o sul e o norte do vale. 

Por exemplo, há variações nas temperaturas médias, nas diferenças de temperatura entre o dia e a noite, na altitude entre os vinhedos situados ao pé da cordilheira e os mais próximos da costa, além da influência da névoa costeira matinal (vaguada costeira) presente nos vinhedos costeiros, mas não nos mais próximos aos Andes. Esses fatores fazem com que cada subzona do Maipo produza vinhos muito distintos, mesmo que compartilhem as mesmas águas e, em parte, os mesmos solos.

“Há um fio que une todos os vinhos do Maipo, conferindo-lhes elegância e qualidade, independentemente de estarem nas encostas da cordilheira ou mais próximos da costa. No entanto, a principal diferença é a maior influência do sol nos vinhedos andinos, o que resulta em uvas e vinhos com características mais maduras e intensas, com frutas negras mais pronunciadas. Em contrapartida, os vinhos do Maipo Costa, devido à menor insolação e à maior frescura proporcionada pela proximidade do oceano, apresentam frutas vermelhas mais vibrantes e frescas, com toques especiados”, diz Rahmer.

Nas zonas costeiras do Maipo, há um clima comum, assim como nas regiões mais montanhosas, mas, dentro de cada sub-região, há microclimas. No Maipo Andes, essas diferenças estão ligadas principalmente à altitude, à exposição ao norte ou sul, entre outras variáveis. Nas áreas costeiras, as diferenças podem estar relacionadas à proximidade do oceano, se as áreas costeiras estão voltadas para o mar ou não, ou se há uma barreira natural. Cada uma dessas variações gera vinhos distintos, com diferentes profundidades, texturas e características dos solos. No Vale do Maipo, é possível encontrar uma infinidade de tipos de vinhos, todos de alta qualidade, graças aos solos, às águas de irrigação e ao clima mediterrâneo que permeia toda a região.

“Eu diria que são três fatores principais que tornam o Vale do Maipo uma região tão especial para a produção de vinhos premium. Em primeiro lugar, a localização mediterrânea, mas com um clima fresco, que permite uma maturação lenta e ideal para produzir vinhos maduros, mas não excessivamente maduros, diferente de regiões mais ao sul (com temperaturas mais baixas) ou mais ao norte (com temperaturas mais altas). Em segundo lugar, seus solos. No Maipo Alto, os solos são influenciados pelo alúvio do Rio Maipo, com base pedregosa, o que ajuda a controlar o vigor da videira, resultando em vinhos mais concentrados e de maior qualidade”, revela o gerente geral.

Nas áreas costeiras, os solos graníticos da Cordilheira da Costa retêm a umidade das chuvas de inverno, mas têm boa drenagem, expressando a mineralidade dos vinhos dessas zonas. Em terceiro lugar, seguindo a teoria de Pablo Morandé (reconhecido enólogo chileno), as águas do Maipo, que nascem na “Laguna del Yeso”, a 4.000 metros de altitude, possuem concentrações elevadas de cálcio. Essa irrigação com águas ricas em cálcio seria crucial, segundo Morandé, para conferir aos vinhos características semelhantes aos grandes vinhos do mundo, produzidos em solos calcários.

As masterclasses “Maipo Family Vineyards: Un Proyecto Asociativo” e “Valle del Maipo, de las alturas de los Andes a las olas del Pacífico” acontecerão durante o ProWine Forum, nos dias 2 e 3 de outubro, das 16h15 às 17h15 e das 15h às 16h, respectivamente.

Mais informações em www.prowinesaopaulo.com.

ProWine São Paulo 2024

A ProWine São Paulo acontecerá de 1º a 3 de outubro, no Expo Center Norte, em São Paulo/SP e é um spin-off da ProWein de Düsseldorf, na Alemanha. Desde sua estreia, em 2019, tem proporcionado uma experiência única, reunindo os principais players da indústria durante três dias para geração de negócios, lançamentos, networking e compartilhamento de conhecimentos.

O evento é uma realização conjunta da Emme Brasil, Inner Group e Messe Düsseldorf. 

As inscrições para visitantes estão abertas e são gratuitas a profissionais do setor. Garanta sua participação aqui.

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