Produção de vinhos cresce no estado e qualidade impressiona
Minas Gerais, tradicionalmente associada à produção de café, queijo e cachaça. Mas agora o estado também se destaca no mapa do vinho brasileiro. Em meio a um crescimento acelerado, a vitivinicultura mineira tem atraído olhares dentro e fora do país, com rótulos premiados, técnicas inovadoras e um terroir que confere identidade única às garrafas.
Segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), o estado colheu, apenas em 2024, 2,5 mil toneladas de uvas para vinhos finos, o maior volume dos últimos dez anos, ultrapassando, portanto, as mais de 2 mil toneladas registradas em 2023.
“As características que os vinhos mineiros trazem em comparação a outras regiões do Brasil são uma intensidade mais elevada, com estrutura, equilíbrio bem marcado, taninos redondos e elegantes, e uma boa acidez. Mas eu particularmente a chamo de acidez gostosa, que permeia durante toda a experiência em taça”, explica Alex Miranda, sommelier do restaurante Trintaeum, em Belo Horizonte.
O que realmente define o entusiasmo pelos vinhos mineiros, afinal? A seguir, especialistas explicam a singularidade por trás da vitivinicultura de Minas Gerais.
A técnica que mudou o jogo
Hoje, Minas conta com 403 hectares de vinhedos, dos quais 66,5% já estão em produção, somando pelo menos 58 vinícolas em operação. Ainda segundo a Emater-MG, os municípios com maior produção são São Gonçalo do Sapucaí, Caldas e Andradas, todos na região sul.
Boa parte desse crescimento se deve a uma inovação que revolucionou o setor no estado. Trata-se da técnica da dupla poda, também conhecida como “colheita de inverno”.
Importada da Europa e adaptada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), a dupla poda permite inverter o ciclo da videira para que a colheita ocorra no inverno, época mais seca e com maior amplitude térmica.
Na técnica, a poda acontece nos meses de julho e agosto, período em que os cachos são removidos assim que começam a se formar. Em janeiro, é feita uma segunda poda, mas, desta vez, os cachos são preservados até atingirem o estágio ideal de maturação.
Com as duas podas anuais, é possível inverter o ciclo da videira, fazendo com que a colheita das uvas ocorra durante o inverno. Isso resulta, portanto, em uvas mais equilibradas, sadias e com maior potencial para vinhos de qualidade.
O segredo do terroir mineiro
Outro fator decisivo para o sucesso dos vinhos mineiros é o terroir. Segundo Alex Miranda, a diversidade de solos e a altitude das regiões produtoras, como a Serra da Mantiqueira, trazem características únicas aos vinhos.
“No Sul de Minas, com a influência da Mantiqueira — que hoje é nosso tesouro dos vinhos, a meu ver — são áreas com muitas pedras. Então quando chove, as partículas dessas rochas entram em contato com a raiz da planta, marcando o plantio. Isso gera uma mineralidade mais marcada”, destaca o sommelier.
Já na questão do clima, Miranda destaca o conjunto de características do terroir da região, como altitude e amplitude térmica, por exemplo. “Temos dias ensolarados, noites frias e tempo seco, uma conexão perfeita de fatores que proporciona uma maturação plena da uva, no extremo equilíbrio”, diz.
“Isso faz dos nossos vinhos mais complexos, mostrando as nuances de aromas, sabores e todo o potencial mineiro.”
Fonte: Seu Dinheiro
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