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O que a lista de melhores vinhos do mundo ensina sobre o mercado atual

Com rótulo chileno no topo, ranking elaborado pela revista Wine Spectator ensina muito sobre as preferências dos consumidores

Todos os anos, a revista americana Wine Spectator, referência na cobertura do mercado do vinho, divulga o ranking dos melhores rótulos. O ranking é baseado nas degustações feitas pela equipe da publicação ao longo de 12 meses e leva em conta a qualidade, o valor, a disponibilidade e o grau de entusiasmo que determinada garrafa desperta nos críticos e consumidores.

A lista de 2024 foi divulgada recentemente e, como costuma acontecer, para muitos o vinho eleito para a primeira posição é considerado o melhor do mundo. Há outras premiações do tipo, com resultados distintos. Mas o ranking da Wine Spectator tem peso importante.

Mais do que questionar se determinada escolha foi justa ou injusta ou se outro rótulo devia ter sido contemplado, é importante olhar para a lista e entender os rumos do mercado. Há muito o que aprender com a seleção anual da Wine Spectator.

Confira algumas das lições que a lista deste ano oferece:

Chile no topo
De cara, o que chama a atenção é o fato de que a safra 2021 de Don Melchor foi eleita a melhor deste ano pelos críticos da revista. O rótulo tem uma longa história. Foi o primeiro grande ícone chileno lançado pela Concha Y Toro em 1987. É produzido em Puente Alto, o principal terroir para Cabernet Sauvignon do país – onde também estão outras vinícolas de primeira linha, como Almaviva e Viñedos Chadwick. É elaborado pelo enólogo e CEO Enrique Tirado com cuidado e precisão. O vinhedo foi dividido em 150 parcelas distintas, e Tirado e sua equipe provam aquelas parcelas que historicamente dão os melhores resultados, mas também as outras, que têm potencial. E o blend final é criado em Bordeaux, por um time que inclui Tirado e o consultor Eric Boissenot, filho de Jacques Boissenot, que esteve presente em todas as versões do rótulo, de 1987 a 2013. Além do pioneirismo, Don Melchor tem se mostrado um grande vinho de forma constante, ano após ano.

E isso nos leva para o segundo ponto.

A importância da consistência
A tradição, no mundo do vinho, é fundamental. Mas os vinhos precisam ter consistência, mostrando a qualidade a cada ano, mesmo nas safras mais desafiadoras. É por isso que Don Melchor foi eleito o melhor, ou Tignanello, o primeiro grande supertoscano, aparece em terceiro lugar. Há vários outros exemplos espalhados pela lista: o blend de Cabernet e Shiraz da vinícola australiana Penfolds. Os ícones de Rioja, na Espanha, como Viña Tondonia Reserva e Bodegas Muga Rioja Reserva. Ou ainda o Cabernet Sauvignon californiano da Stag’s Leap Wine Cellar.

Estados Unidos e Itália dominam
Basta uma rápida busca pelo ranking para perceber que os dois países representam mais da metade da lista. Um quarto dos rótulos escolhidos vem dos Estados Unidos, enquanto há outros 20 da Itália, muitos da região da Toscana. Como a lista é americana, é natural que sejam avaliados mais vinhos locais. E há uma grande concentração de Cabernet Sauvignon da Califórnia, mas a diversidade é mais ampla. Há bons Pinot Noir tanto do Oregon quanto de Russian River, outra região californiana de destaque, e até um Zinfandel, casta geralmente pouco apreciada pelos críticos. No nosso mercado há poucas opções americanas por conta do alto preço. Mas a Itália, que marca forte presença no ranking, é muito procurada pelos consumidores brasileiros também. É interessante notar como o foco na Toscana reflete o gosto dos americanos por esses vinhos. Criou-se uma aura mítica ao redor de rótulos como Tignanello (terceiro lugar do ranking), Sassicaia (que ficou fora do top 100) e outros, que passaram a ser extremamente cobiçados no mercado internacional e são encontrados a preços bastante elevados.

Diversidade latina
Há apenas seis rótulos provenientes da América Latina no ranking. Três chilenos, incluindo o número um, e três argentinos. Embora a amostra seja pequena, é um indício forte de que os rótulos desta região do mundo já competem em pé de igualdade com os melhores do planeta – e isso em um mercado inundado de grandes vinhos como o norte-americano. Há espaço para crescimento, é claro, mas já fica claro o potencial da região.

A lista completa pode ser encontrada neste link.

Fonte: Veja

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