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O caçador de vinhos e a arte de encontrar rótulos excepcionais

Com um faro apurado e uma jornada de anos, Vicente Jorge revela o que é ser um wine hunter e a importância dessa curadoria

O universo dos vinhos é repleto de descobertas e, para muitos, desvendar as melhores garrafas vai muito além de um simples prazer. É aí que entra o papel do wine hunter, ou caçador de vinhos, um especialista capaz de identificar rótulos excepcionais, muitas vezes antes de se tornarem amplamente conhecidos. 

“Não existe uma formação acadêmica específica para ser wine hunter. Você se constrói nesse papel ao longo do tempo. Eu fiz diversos cursos de sommelier, sou nível 3 da WSET, estudei gastronomia e sempre me aprofundei no mundo do vinho. Mas, no fim das contas, ser wine hunter é ser um verdadeiro caçador de vinhos – buscar rótulos que proporcionem uma experiência gustativa única e que despertem paixão”, conta o sócio da Enclos Importação, expositora da ProWine São Paulo 2025, e um dos maiores nomes da área, Vicente Jorge. 

A busca por um vinho excelente e acessível é um grande desafio. Um vinho caro, normalmente, tem qualidade. Agora, encontrar um vinho bom e barato exige conhecimento e faro apurado. De acordo com Jorge, o papel do wine hunter é justamente esse: provar, selecionar e indicar vinhos que ele realmente acredita, garantindo ao consumidor que aquele rótulo vale a pena. 

“Viajo há mais de 15 anos selecionando vinhos para importadoras, participando de feiras pelo mundo. Depois de tanto tempo nesse trabalho, decidi montar minha própria importadora: a Enclos, onde reúno uma curadoria de vinhos que têm significado e contam histórias”, destacou o expert, que falou ao jornalismo da ProWine São Paulo diretamente da Itália enquanto se preparava para ir à França. 

Leia também: As mudanças no mundo do vinho, segundo um dos maiores wine hunters do planeta

Curiosamente, ao longo dos anos, Jorge trabalhou com vários sommeliers, mas nenhum deles era wine hunter. Isso porque o caçador de vinhos é, antes de tudo, um profissional de relacionamento. Ele precisa criar laços com os produtores, entender a cultura local, conhecer a realidade do país de origem do vinho. 

Além de degustar milhares de rótulos, um wine hunter precisa negociar preços, entender a complexidade da importação e assegurar que o vinho chegue ao Brasil em perfeitas condições. Com o tempo, ele aprimora um senso tão apurado que consegue antecipar se um vinho, embora excelente em sua origem, manterá sua qualidade durante o transporte. Em algumas situações, chega a sugerir ajustes ao enólogo para garantir que a bebida se preserve adequadamente ao cruzar o oceano. 

“O gosto do brasileiro evoluiu muito nos últimos 30 anos. De modo geral, quem está começando no mundo do vinho busca rótulos frutados e encorpados, característica marcante dos chilenos, argentinos e alentejanos, por exemplo. Isso explica o sucesso dessas regiões no Brasil. Já os consumidores mais experientes tendem a procurar vinhos mais elegantes e equilibrados, onde a fruta não é tão evidente. Um ótimo exemplo dessa diferença é o Chardonnay: um chileno ou argentino costuma ser frutado e untuoso, enquanto um Chablis francês se destaca pela acidez e mineralidade. O Brasil tem consumidores em diferentes estágios de maturidade no vinho, desde os que buscam rótulos acessíveis até aqueles que já exploram os mais sofisticados e complexos”, explica Jorge. 

O papel do wine hunter, embora fundamental na importação de vinhos para o Brasil, não é tarefa simples. De acordo com Jorge, a burocracia é extensa e a legislação está em constante mudança. O país possui regras rígidas sobre rótulos e embalagens, o que pode representar um desafio para os produtores internacionais. Muitas vezes, é necessário orientar um produtor italiano, por exemplo, sobre informações que precisam ser incluídas no rótulo, exigências que não são feitas localmente. Por isso, montar uma operação de importação exige uma equipe altamente especializada, que não apenas entenda a logística, mas também tenha profundo conhecimento das complexas normas brasileiras. 

“Convido todos a visitarem o estande da Enclos na ProWine São Paulo 2025. Muitas pessoas têm curiosidade sobre o trabalho do wine hunter e esta será uma ótima oportunidade para conversar, trocar ideias e degustar rótulos cuidadosamente selecionados. Na Enclos, meu objetivo não é apenas construir uma grande importadora, mas criar uma comunidade, quase uma confraria, onde os consumidores possam se aproximar de mim e dos vinhos que escolho pessoalmente. Se você deseja descobrir vinhos com alma, aprender mais sobre esse universo fascinante e conversar de maneira descontraída, será um prazer recebê-lo”, finaliza Jorge. 

Sobre a ProWine São Paulo 

A ProWine São Paulo é um spin-off da ProWein de Düsseldorf, na Alemanha. Desde sua estreia, em 2019, tem proporcionado uma experiência única, reunindo os principais players da indústria durante três dias para geração de negócios, lançamentos, networking e compartilhamento de conhecimentos. O evento é uma realização conjunta da Emme Brasil, Inner Group e Messe Düsseldorf. Em 2025, acontecerá de 30 de setembro a 2 de outubro, no Expo Center Norte. Mais informações: www.prowinesaopaulo.com. 

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