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Catherine Petit, da Chandon: crise global no mercado de luxo não afeta o Brasil

A diretora-geral da Möet Hennessy e Chandon Brasil, marcas confirmadas na ProWine São Paulo 2025, aponta os fatores que sustentam a relevância e as vendas de bebidas de luxo no país, como o champanhe Veuve Clicquot

Inflação, desemprego, juros – nada disso faz o brasileiro perder a sede por uma boa bebida. Seja para celebrar ou para relaxar, Catherine Petit, diretora-geral da Möet Hennessy e Chandon Brasil, é assertiva ao dizer que não há mercado de luxo mais resiliente à crise que o nacional.

Enquanto os indicadores de vendas da companhia caem na Europa e nos Estados Unidos desde o fim da pandemia, o consumo de champanhe não para de crescer no Brasil. A visão de Catherine projeta o consumidor brasileiro como alguém menos sensível às variações do mercado, como a alta do dólar, e muito otimista, que faz questão de celebrar. Alguém que está habituado a lidar com altos e baixos na economia entende o impacto dos impostos nos produtos e remete preços altos à qualidade. Bem diferente do consumidor da França, onde qualquer oscilação na economia trava o mercado.

Outra característica do brasileiro no mercado de vinho, de acordo com Catherine, é o interesse pelo sistema de pontuação criado para avaliar o produto final, com informações mais detalhadas e críticas a respeito de cada rótulo. Desse modo, ter vinhos premiados no portfólio é uma ótima maneira de conseguir reconhecimento e autoridade de marca, o que gera aumento considerável de vendas e até mesmo influencia nos preços de alguns exemplares.

“O brasileiro gosta muito de marcas. O Brasil está longe das crises globais, justamente porque sabe que elas passam, que não terá um governo para resolvê-las, nem subsídios para sobreviver, e que a melhor forma de superá-las é não se deixar paralisar. Os preços dos nossos produtos são maiores, mesmo assim, não perdem força”, disse em entrevista ao Diário do Comércio durante a quarta edição do Women Entrepreneur Forum (WeForum), em Belo Horizonte.

Essa ideia, segundo a executiva, movimenta o mercado e faz com que, apesar da desigualdade social e desafios econômicos importantes, o Brasil seja muito promissor, pois se trata de um consumo aspiracional e planejado, ou seja, as pessoas guardam dinheiro para vivenciar essa compra como algo especial, além do status que vem com o champanhe.

Outro ponto levantado por Catherine é que, no Brasil, o mercado de vinhos e espumantes é atrelado ao PIB. E, em 2024, o crescimento de 3,4% pesou sobre o consumo das famílias e impulsionou as vendas da Moet. Esse clima é ainda mais evidente em temporadas de verão e perto do Réveillon, quando, segundo a executiva, o consumo explode no Brasil, representando 80% do volume anual de vendas da empresa.

Mesmo assim, ela diz que o mercado brasileiro ainda sofre preconceito pela desvalorização da moeda, problemas políticos e desigualdade social. Em seu primeiro ano de gestão (2021), voltou para Paris com os números da empresa no Brasil, que apontavam crescimento da receita na casa dos 30% e o volume de vendas com alta de 14% – e ela brigava por mais investimentos no país.

Sem revelar números, Catherine diz bater todas as metas de vendas no mercado brasileiro. A alta do dólar, lamentada por muitos, pode até dar uma ajudinha no negócio, pois reduz o impulso por compras internacionais e permite a entrada de um número maior de garrafas no Brasil por meio da Moet.

Para a diretora da Moet, hoje, o Brasil carrega o maior potencial para investimentos e deve ser considerado um exemplo na América Latina “por suas instituições sólidas e uma democracia consolidada.”

Projetos para o Brasil

Com um público bem estabelecido, a meta agora é abraçar novas datas comerciais, como a Páscoa e o Dia dos Namorados, por exemplo, quando a empresa é menos lembrada, mas pode ser muito bem inserida. Jantares harmonizados, parcerias com hotéis e restaurantes de luxo estão na mira da companhia.

Nessa toada, cresce também um outro movimento: a busca dos brasileiros por rótulos cada vez mais caros, como as garrafas Dom Pérignon e Krug, que custam mais de R$ 2 mil. Uma hipótese é que esse comportamento tenha aflorado em meio à pandemia, quando as famílias deixaram de gastar com a experiência completa em restaurantes e passaram a investir em experiências domésticas mais ricas, tornando a permanência em casa mais agradável e diferente.

A Moët Hennessy faz parte do grupo LVMH, uma holding francesa especializada em artigos de luxo e formada pela fusão de Moët & Chandon e Hennessy, além da gigante da moda Louis Vuitton. Líder do setor de luxo, o lucro líquido da companhia em 2024 foi de 12,5 bilhões de euros.

De origem francesa, Catherine entrou no setor em 2004, na Pernod Ricard, empresa francesa especializada na distribuição de bebidas alcoólicas, com sede em São Paulo. Três anos depois, ela ingressou no time da Möet Hennessy. Em 2016, assumiu o cargo de gerente geral nas regiões norte, central, oriental e oeste da África, e retornou à França. De lá, monitorava os distribuidores espalhados por 25 países. De volta ao Brasil, em 2020, ela segue como diretora e comanda 17 marcas de bebidas alcoólicas, como uísques, vinhos, conhaque e vodka.

No Brasil, mais de 50% do portfólio da empresa envolve espumantes e champanhes. Consolidada uma bebida premium, Catherine diz que o grande atrativo do espumante Chandon entre os brasileiros é a sensação de exclusividade e status que ele traz. Mas sua ideia é apresentar aos consumidores outros rótulos e produtos, como a tequila.

Em 2021, a marca montou a Casa Chandon, no Alto de Pinheiros, em São Paulo, para receber tours guiados pela história e pelos produtos da maison de espumantes, além de servir pratos e drinks criados especialmente para evidenciar os rótulos do grupo. A experiência contava com, pelo menos, quatro etapas principais: o Terroir, o bar sinestésico, o bar lounge e o restaurante. Na sequência, a experiência passou a rodar por outros espaços brasileiros. No Nordeste, por exemplo, a ativação foi responsável por um crescimento de 30% no volume de vendas.

Hoje, Catherine acredita que a experiência é uma das fórmulas que melhor funciona entre o público brasileiro. Mas tudo precisa ser muito bem pensado para chegar até os consumidores. “Nossa distribuição é bem seletiva e nos apoiamos em um varejo seletivo também, onde os consumidores vivenciam experiências em linha com os valores da marca.”

Fonte: Diário do Comércio
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